CRACKLEBOOK
Foi-nos proposto fazer uma cracklebox.

Depois de algumas experiências com rádios e soldagem dos seus componentes partiu-se para a aventura. Compramos um kit de iniciação - o Love Tester - e soldámo-lo, montámo-lo e experimentamos circuit bending, explorando as diferentes combinações de luzes e sons que o circuito nos podia dar.
Explorar as premissas do objecto-suporte da cracklebox foi o primeiro passo para compreender a dimensão que este podia ter.

Agradava-nos a ideia de o expor como uma grande obra de arte quando na verdade não seria nada mais do que um objecto que faz som. Interessou, então, perceber de que forma é que a sua utilidade/futilidade se poderiam aliar ao belo estético /sobriedade/ impacto visual. E o que se tornaria, então, o mais revelante nesse acto de expor.

Como se pode ver nos desenhos, quisémos que o objecto fosse o centro de toda a atenção, sem adereços nem afloreados que desviassem de si a atenção. Torná-lo no objecto máximo da curiosidade, da dúvida, da possibilidade. Ser, então, um portal para uma dimensão que ora poderia desiludir como causar o oposto - surpresa, riso.
TOCAR VS NÃO TOCAR

Que objecto despertaria a vontade de o descobrirmos, de lhe querermos tocar mas que, simultâneante, pelo ambiente em que se insere (sala/galeria de exposições), nos transmite alguma insegurança ou nos desencoraja a fazê-lo?
Um livro.
Quando vemos livros em exposições, normalmente são antigos, de folhas frágeis e estão protegidos por redomas de vidro. Outras vezes são pequenos livros de autor que pedem para ser tocados, explorados. Muitas vezes interessam apenas pelo seu conteúdo, nada tendo a ver o seu aspeto estético.
Como queriamos criar uma "obra de arte" teriamos de aliar o aspecto (que convidasse) à pertinência funcional (que surpreendesse).
PROCESSO
RESULTADO
Fio condutor ligado ao Love Tester que emite o som reagindo assim ao toque aquando a abertura do livro.
Localização ultra-secreta do circuito.
Como enfatizar esses sons e dar-lhes outro significado?
Como perpétua-los de função ainda que meramente lúdica?
- arranja um circuito para soldar que emita sons;
- solda o circuito e explora-o fazendo circuit-bending* (molha os dedos e toca os vários pontos do hardware);
- arranja um livro velho
- separa, cuidadosamente, o miolo do livro da sua capa
- abre um buraco rectangular pelas folhas do livro, que não chegue aos extremos da folha, como se vê nas imagens
- com cola branca e com a ajuda de grampos, cola as folhas a toda a volta, de modo a ficarem um bloco resistente
- numa folha, borda as margens com fio de cobre, em duas linhas paralelas - os fios não se podem tocar
- solda os fios aos pontos sensíveis do circuito depois de os fazeres passar por dentro do livro;
- cria uma nova capa, lombada e contra capa para o livro
- cola tudo direitinho
- liga o circuito e usufrui do cracklebook!
COMO FAZER